domingo, 12 de maio de 2013

Potência muscular


Atletas treinam forte, por horas, a fim de aprimorarem suas capacidades condicionantes e alcançarem seus objetivos. Identificar as necessidades específicas do desporto em questão é o primeiro passo para uma caminhada de vitórias. De qualquer modo, a maioria dos treinadores inclui o treinamento de força na rotina de treinamento dos seus atletas quer seja o foco primário, ou no intuito de prevenir lesões.
A força muscular pode ser dividida, didaticamente, em pelo menos quatro formas de manifestação: resistência de força, hipertrofia, força máxima e potência. A potência tem sido alvo de diversos estudos e almejada em quase todos os desportos atuais. Como conceito, é tida como a maior quantidade de força que um indivíduo pode despender no menor período de tempo possível. Sabemos da importância da explosão/potência muscular no alto rendimento esportivo. Mas seria possível se beneficiar deste tipo de treinamento para a saúde da população?
Ao analisarmos a marcha da caminhada, por exemplo, percebemos a importância do músculo glúteo médio para o constante recuperar do equilíbrio. Por uma característica fisiológica, cada vez que colocamos o pé de apoio no chão, iríamos cair se não fosse a ação deste músculo que contrai vigora e rapidamente de modo a recuperar a estabilidade. É nesse sentido que começamos a entender a importância do treinamento de pliometria (potência) para a população idosa. Você pode estar se lembrando de sua vozinha, talvez bastante fragilizada pelos tempo, e questionando essa informação, entretanto lhe convido a pensar um pouco mais.
A prevalência de quedas em idosos não é um número insignificante. Muitas vezes, acometidos por osteoporose, acabam definhando em leitos pelo resto de suas vidas. Sabe-se que a perda de massa muscular e potência são agravadas com o processo de envelhecimento. Nesse contexto que o treinamento de pliometria é defendido por especialistas, com o intuito de atenuar essa perda muscular e prevenir quedas.
O treino de pliometria consiste em ações rápidas e fortes, objetivando trabalhar o potencial elástico do músculo (CAE - Ciclio Alongamento Encurtamento). O CAE faz parte do nosso cotidiano. Toda vez que estendemos o músculo e rapidamente o contraímos, estamos nos utilizando deste componente muscular. Quando corremos também estamos sequenciando vários CAE, não é a toa que estudos correlacionam positivamente o CAE com o desempenho em corrida de 60 metros.
Alguns testes podem ser feitos para verificar a qualidade do CAE. Na verdade existem três tipos de salto: SJ (salto referência, sem o CAE), CMJ (salto com aquele “balanço” de abaixar e depois pular o mais alto que conseguir) e o DJ (após cair de cima de um banco deve pular o mais alto que conseguir, usa o CAE). Após realização do salto referência (SJ) e outro salto qualquer que utilize o CAE (CMJ ou DJ), o “tapete de saltos” identifica a altura, mas ainda precisamos fazer as contas. Se a razão CMJ/ SJ ou DJ/ SJ for menor que 1, significa que o treino de pliometria deve ser incrementado. Caso a razão seja maior que 1, apenas devemos continuar aprimorando a força máxima.
Além dos saltos, também podemos avaliar a potência anaeróbia através do teste de Wingate de 30 segundos, onde o indivíduo que está sendo avaliado tenta pedalar o maior número possível de vezes contra uma resistência fixa, objetivando gerar a maior potência possível nesse período de tempo. Este teste nos fornece informação sobre o pico de potência mecãnica que pode ser desenvolvido pelo grupo muscular que realiza o teste. Como a potência de pico ocorre normalmente nos primeiros cinco segundos do teste, acredita-se que a energia para tal atividade provenha essencialmente do sistema ATP-CP, com alguma contribuição da glicólise. O teste proporciona também o índice de fadiga.
Vejamos os exemplos em sala de aula:

Saltos:

SJ
CMJ
Érik
29,8 cm
32,4 cm
Gabriel
21,8 cm
27,2 cm

A razão do sujeito Érik (CMJ/ SJ) é igual a 1,08. Como a razão é >1, sugerimos que ele incremente o treino de força máxima. A mesma situação se verifica para o sujeito Gabriel, cuja razão é igual a 1,24. Podemos concluir, ainda, que Gabriel apresenta seu CAE melhor desenvolvido do que Érik.

Teste de Wingate:

Pico em Watts
Watts/ Kg
Érik
663 W
7,2 W/Kg
Gabriel
704 W
8,2 W/Kg

Apesar de apresentarem um pico semelhante, Gabriel se sobressai quando o valor é corrigido pela massa corporal.

Tapete de contato.

Indivíduo se prepara para realizar o salto.

Posição inicial para o SJ. A partir dessa posição, e sem realizar um contra-balanço, o indivíduo deve saltar o  mais alto que conseguir.

Indivíduo saltando.

Teste de Wingate: resultados do pico de potência anaeróbia e relativo à massa corporal.



Referências:

FLECK, S.J.; JÚNIOR, A.F. Treinamento de Força para Fitness e Saúde. São Paulo: Phorte, 2003.

FRANCHINI, Emerson. TESTE ANAERÓBIO DE WINGATE: CONCEITOS E APLICAÇÃO. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2002, 1(1):11-27

LIMA, C. S.; PINTO, R. S.; Cinesiologia e musculação. Porto Alegre: Artmed, 2006.

WOJTEK, J.; CHODZKO-ZAJKO; DAVID, N.; MARIA, A. FIATARONE SINGH, M.D.; CHRISTOPHER, T. MINSON.; CLAUDIO, R. NIGG.; GEORGE, J. SALEM and JAMES, S. SKINNER. Exercise and Physical Activity for Older Adults. Official Journal of the American College of Sports Medicine. Position Stand, 2009.

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