Atletas
treinam forte, por horas, a fim de aprimorarem suas capacidades condicionantes
e alcançarem seus objetivos. Identificar as necessidades específicas do
desporto em questão é o primeiro passo para uma caminhada de vitórias. De
qualquer modo, a maioria dos treinadores inclui o treinamento de força na
rotina de treinamento dos seus atletas quer seja o foco primário, ou no
intuito de prevenir lesões.
A
força muscular pode ser dividida, didaticamente, em pelo menos quatro formas de
manifestação: resistência de força, hipertrofia, força máxima e potência. A
potência tem sido alvo de diversos estudos e almejada em quase todos os
desportos atuais. Como conceito, é tida como a maior quantidade de força que um
indivíduo pode despender no menor período de tempo possível. Sabemos da
importância da explosão/potência muscular no alto rendimento esportivo. Mas
seria possível se beneficiar deste tipo de treinamento para a saúde da
população?
Ao
analisarmos a marcha da caminhada, por exemplo, percebemos a importância do
músculo glúteo médio para o constante
recuperar do equilíbrio. Por uma característica fisiológica, cada vez que
colocamos o pé de apoio no chão, iríamos cair se não fosse a ação deste músculo
que contrai vigora e rapidamente de modo a recuperar a estabilidade. É nesse
sentido que começamos a entender a importância do treinamento de pliometria
(potência) para a população idosa. Você pode estar se lembrando de sua vozinha,
talvez bastante fragilizada pelos tempo, e questionando essa informação,
entretanto lhe convido a pensar um pouco mais.
A
prevalência de quedas em idosos não é um número insignificante. Muitas vezes,
acometidos por osteoporose, acabam definhando em leitos pelo resto de suas
vidas. Sabe-se que a perda de massa muscular e potência são agravadas com o
processo de envelhecimento. Nesse contexto que o treinamento de pliometria é
defendido por especialistas, com o intuito de atenuar essa perda muscular e
prevenir quedas.
O
treino de pliometria consiste em ações rápidas e fortes, objetivando trabalhar
o potencial elástico do músculo (CAE - Ciclio Alongamento Encurtamento). O CAE
faz parte do nosso cotidiano. Toda vez que estendemos o músculo e rapidamente o
contraímos, estamos nos utilizando deste componente muscular. Quando corremos
também estamos sequenciando vários CAE, não é a toa que estudos correlacionam
positivamente o CAE com o desempenho em corrida de 60 metros.
Alguns
testes podem ser feitos para verificar a qualidade do CAE. Na verdade existem
três tipos de salto: SJ (salto
referência, sem o CAE), CMJ (salto
com aquele “balanço” de abaixar e depois pular o mais alto que conseguir) e o DJ (após cair de cima de um banco deve pular
o mais alto que conseguir, usa o CAE). Após realização do salto referência (SJ)
e outro salto qualquer que utilize o CAE (CMJ ou DJ), o “tapete de saltos”
identifica a altura, mas ainda precisamos fazer as contas. Se a razão CMJ/ SJ
ou DJ/ SJ for menor que 1, significa que o treino de pliometria deve ser
incrementado. Caso a razão seja maior que 1, apenas devemos
continuar aprimorando a força máxima.
Além dos saltos, também podemos avaliar a potência
anaeróbia através do teste de Wingate de
30 segundos, onde o indivíduo que está sendo avaliado tenta pedalar o maior
número possível de vezes contra uma resistência fixa, objetivando gerar a maior
potência possível nesse período de tempo. Este teste nos fornece informação sobre o pico de potência mecãnica que pode ser desenvolvido pelo grupo muscular que realiza o teste. Como a potência de pico ocorre normalmente nos primeiros cinco segundos do teste, acredita-se que a energia para tal atividade provenha essencialmente do sistema ATP-CP, com alguma contribuição da glicólise. O teste proporciona também o índice de fadiga.
Vejamos os exemplos em sala de aula:
Saltos:
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SJ
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CMJ
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Érik
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29,8 cm
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32,4 cm
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Gabriel
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21,8 cm
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27,2 cm
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A razão do sujeito Érik (CMJ/ SJ) é igual a 1,08. Como a razão é >1, sugerimos que ele incremente o treino de força máxima. A mesma situação se verifica para o sujeito Gabriel, cuja razão é igual a 1,24. Podemos concluir, ainda, que Gabriel apresenta seu CAE melhor desenvolvido do que Érik.
Teste de Wingate:
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Pico em Watts
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Watts/ Kg
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Érik
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663 W
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7,2 W/Kg
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Gabriel
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704 W
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8,2 W/Kg
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Apesar de apresentarem um pico semelhante, Gabriel se sobressai quando o valor é corrigido pela massa corporal.
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| Tapete de contato. |
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| Indivíduo se prepara para realizar o salto. |
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| Posição inicial para o SJ. A partir dessa posição, e sem realizar um contra-balanço, o indivíduo deve saltar o mais alto que conseguir. |
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| Indivíduo saltando. |
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| Teste de Wingate: resultados do pico de potência anaeróbia e relativo à massa corporal. |
Referências:
FLECK,
S.J.; JÚNIOR, A.F. Treinamento de Força
para Fitness e Saúde. São
Paulo: Phorte, 2003.
FRANCHINI, Emerson. TESTE
ANAERÓBIO DE WINGATE: CONCEITOS E APLICAÇÃO. Revista
Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2002, 1(1):11-27
LIMA, C. S.; PINTO, R. S.; Cinesiologia e musculação. Porto Alegre: Artmed, 2006.
WOJTEK, J.; CHODZKO-ZAJKO; DAVID, N.; MARIA, A. FIATARONE
SINGH, M.D.; CHRISTOPHER, T. MINSON.; CLAUDIO, R. NIGG.; GEORGE, J. SALEM and
JAMES, S. SKINNER. Exercise and Physical
Activity for Older Adults. Official Journal of the American College of
Sports Medicine. Position Stand, 2009.